quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quem são as pessoas de sucesso?

Marcos Cavalcanti - Para o Jornal O Globo
(Editado)

Em geral, achamos que as pessoas de sucesso são ricas e/ou têm acesso
e destaque na mídia de massa (TV e jornal). O resultado de nossa
pesquisa confirmou isso. Com isso, o universo das pessoas elegíveis
nos faz concluir que poucas pessoas deram certo na vida. Na verdade,
muito poucas.
Isso é uma loucura. Para cada Ayrton Senna, há dezenas de mecânicos e
técnicos que contribuíram de maneira decisiva para as vitórias do
grande piloto. Para cada Gerdau, há centenas de funcionários que não
chegaram a ser gerentes, mas são felizes. Para cada Kaká, existem
milhões de brasileiros anônimos que conseguem realizar seus sonhos. E
essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não é
ninguém porque não conhece o castelo de Caras ou não possui um carro
importado nem um apartamento maravilhoso.
Como aponta Shinyashiki, o modelo de gestão adotado na maioria de nossas empresas
"cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que
não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o
conhecimento".
Pior, como poucas pessoas conseguem ser elas mesmas e a maioria não
consegue ter o que gostaria, parece que o objetivo de vida das pessoas
passou a ser parecer... As pessoas parecem que sabem, parecem que
fazem, parecem que atendem, parecem que se envolvem, parecem que
acreditam. UHU!!!
Muito poucos são humildes para confessar que não sabem. A esperança de
mudança continua sendo depositada em heróis. Quem vai salvar o Brasil?
Não somos super-heróis nem super-fracassados... Uma das coisas boas de
uma crise (econômica ou pessoal) é que ela pode nos ajudar a entender
que somos os únicos responsáveis pela nossa própria vida e que só
depende de nós nos libertar dessa tirania da aparência.
Achamos que o sucesso são essas pessoas, como se o sucesso não tivesse
um significado individual. Achamos que o certo é estar feliz todos os
dias. Queremos comprar tudo o que pudermos (quando troquei de carro a
secretária na Coppe me deu os "parabéns"... eu perguntei: por
quê???). O resultado da pressa e desses valores é esse consumismo
absurdo em que vivemos (olha o Natal aí, gente!! ou a Páscoa, o Dia
dos Namorados, o dia da criança).
As metas podem ser interessantes para o sucesso, mas não para a
felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz enquanto não comprar a casa
própria, emagrecer ou casar, mas podemos ser felizes vendo a lua, o
pôr do sol ou tomando sorvete; ficando em casa sozinho, estando com
amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar, dando uma volta no
quarteirão de casa, indo ao cinema ou deitado em silêncio ao lado da
pessoa amada.
O Dráuzio Varella conta que quando trabalhava com pacientes terminais
ninguém se lamentava, na hora da morte, por não ter comprado o
apartamento dos seus sonhos ou por ter aplicado o dinheiro em ações,
mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades
para aproveitar a vida. E se, ao invés de grandes projetos, a
felicidade for feita de coisas pequenas? Não é?
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Para mim, as pessoas de sucesso são aquelas que trabalham para realizar seus
projetos de vida e seus sonhos,para ficar bem consigo mesmas.

PAMELA CAREN DOS SANTOS

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